terça-feira, 5 de maio de 2009

Yoga e Adicção

hehehe bastante interssante... nao me fosse eu identificar ;)
Yoga significa união.
União no sentido de integridade, em busca da liberdade: a Yoga nos ajuda na busca de nossa conexão com o universo, na interligação entre os elementos de nossa vida - nosso corpo, nossas emoções, nossa força vital, nossa mente - como maneira de levar uma vida mais satisfatória, mais recompensadora.

No meu entender, adicção significa separação.

Separação de nós mesmos de nossa liberdade - não importa ao que uma pessoa seja adicta, seja uma substância química ou o trabalho, seja comida ou relacionamentos - o que importa é que a nosso Eu não são permitidas escolhas livres, mas apenas escolhas condicionadas pela compulsão.

A Yoga trabalha no domínio da consciência e dos sentidos em busca da liberdade. Reconhece que podemos nos perder entre nossos impulsos, e trabalha o atingimento do prazer através do cultivo da presença em cada momento, em vez do abandono da consciência em compulsões. Como costuma dizer um famoso lema dos programas de 12 passos, na Yoga busca-se viver "só por hoje", ou ainda, "só por este momento" em equilíbrio.

A compulsão pode ser entendida não somente em termos de adicção como normalmente nos referimos (abuso de substâncias), mas mesmo aos nossos padrões de comportamento ossificados, e hábitos que consideramos nocivos e desejamos modificar. Não é necessário ser um adicto em substâncias pesadas para experimentar o prazer transformador que a ordem de um programa de 12 passos pode trazer, assim como para experimentar a transformação que uma prática de yoga pode proporcionar. Como se diz nos programas de 12 passos, o primeiro passo é admitir que somos impotentes perante determinado aspecto de nossa vida, e depois acreditar que algo maior que nós mesmos pode nos devolver a sanidade.

Isso se aplica também à pratica de yoga, para utilizá-la como ferramenta para cultivar a sanidade em diversas áreas de nossa vida.
Como descrevi em um post anterior sobre estado de fluxo, o prazer pode ser atingido não somente através dos sentidos, mas também através do cultivo de desafios, em que extendemos as capacidades do corpo e da mente. B.K.S Iyengar, grande divulgador do Hatha Yoga no ocidente, afirma que a prática de Yoga nunca deve ser "fácil" demais - sempre deve oferecer um desafio, e isso tem relação direta com o cultivo do estado de fluxo através do cultivo do corpo e da mente através do Yoga, e com as consequências que este cultivo traz: aumento da auto-estima e complexificação da personalidade e do self, melhorando a qualidade de vida.
Nós, na cultura ocidental, lutamos por ideais de perfeição - ser o competidor absoluto, o profissional do ano, a mãe nota 10, a gostosa do bairro, e frequentemente (sem trema rs) nos sentimos ansiosos frente a metas tão irreais.

A liberdade é uma meta real, pois é gradual, ao contrário da perfeição que é absoluta - a perfeição nunca pode ser atingida, enquanto o rompimento de cada amarra representa uma liberdade maior em relação ao estado anterior.

Como dizia Thomas Jefferson: "O preço da liberdade é a eterna vigilância", a liberdade depende do cultivo da presença de espírito e da consciência. E ao contrário do que muitas pessoas pensam, o cultivo de ambos não se trata de uma repressão cruel aos sentidos, mas a uma rota de auto-conhecimento que pode trazer genuíno prazer a quem a percorre.

A meditação, por exemplo, é uma atividade extremamente prazerosa e pode "ampliar o estado de consciência", assim como buscam muitas pessoas que abusam do uso de substâncias, sem os efeitos colaterais deste abuso e sem a perda do estado de consciência normal para isto.
Falando em abuso, existe na Yoga um conceito, um Yama, ou mandamento moral, que foi popularizado por Gandhi e chama-se "ahimsa", ou seja, o princípio da não violência. Este princípio nos ensina não somente a não violência contra os outros, mas também a não violência contra si mesmo. E muitos dos hábitos que cultivamos representam uma violência contra si mesmo (eu, por exemplo, acabei de tomar café preto depois de ter passado mal do estômago).
E para cultivar a não-violência, é preciso cultivar a sensibilidade - muitas vezes estamos tão anestesiados em nossa rotina que não percebemos o que fere a nossa integridade; não percebemos que o que estamos nos alimentando está nos prejudicando, se estamos comendo demais ou de menos, se estamos trabalhando demais ou sendo complacentes demais conosco mesmos, isso tudo fere o nosso equilíbrio.

E não é possível cultivar a sensibilidade sem a auto-observação. Não é possível a auto-observação sem a presença de espírito. E o cultivo destes é o caminho para o cultivo da nossa consciência, e logo, para a nossa liberdade. "

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